Um outono em Bruxelas...
Uma névoa de Outono o ar raro vela, 
Cores de meia-cor pairam no céu. 
O que indistintamente se revela, 
Árvores, casas, montes, nada é meu. 
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono. 
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como. 
Mas entre mim e ver há um grande sono. 
De sentir é só a janela a que eu assomo. 
Amanhã, se estiver um dia igual, 
Mas se for outro, porque é amanhã, 
Terei outra verdade, universal, 
E será como esta [...]
Uma névoa de Outono
Fernando Pessoa
*Imagens: Acervo pessoal

















 
Nenhum comentário:
Postar um comentário