terça-feira, 27 de outubro de 2015

Um outono em Bruxelas...





Uma névoa de Outono o ar raro vela, 
Cores de meia-cor pairam no céu. 
O que indistintamente se revela, 
Árvores, casas, montes, nada é meu. 

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono. 
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como. 
Mas entre mim e ver há um grande sono. 
De sentir é só a janela a que eu assomo. 

Amanhã, se estiver um dia igual, 
Mas se for outro, porque é amanhã, 
Terei outra verdade, universal, 
E será como esta [...]


Uma névoa de Outono

Fernando Pessoa





















*Imagens: Acervo pessoal

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