sexta-feira, 1 de maio de 2015

Bois de Hal - a floresta encantada de bluebells


Parecia uma fábula. Como se eu estivesse em outra dimensão, com seres encantados, ouvindo-os e vendo-os em meio às arvores e flores, tentando decifrar seus sons, eu ficaria horas, dias parada ali, naquele lugar, emocionada, admirada, apenas olhando e procurando compreender o quão singela é a vida. 


A floresta é magnífica, perdi a noção do tempo, ainda procuro termos para exaltar as sensações que senti enquanto caminhava, observando aquele habitat, mas é impossível encontrar um termo que descreva tamanha beleza daquele cenário surreal.

Os diversos caminhos que atravessam a floresta foram inundados por um mar de flores azul-púrpura, numa vegetação rasteira que se confunde, mesclando as nuances e colorindo o verde das folhas, conforme os raios de sol penetram entre as árvores que chegam até o chão e refletem novos tons à floresta fechada. É uma metamorfose que "choca os olhos" de quem a observa, em câmera lenta. A natureza viva em plena transformação, vibrante, cheia de movimentos, cheiros e sons, apresentando um "balé" aos seus visitantes.   

As flores tão procuradas são conhecidas na Europa como "bluebells", ou ainda, "jacintos selvagens", e a floração na floresta acontece apenas "uma vez ao ano", durante um período curto na primavera, onde sua duração é breve, menos de um mês. Não há data certa, geralmente há uma previsão e em 2015 a previsão ficou entre final de abril e início de maio. 

Por ser algo raro, a procura pelo local é grande, pessoas de diversas partes do mundo, turistas, admiradores, curiosos e biólogos vêm até a cidade de Halle para assistir ao espetáculo de cores e pesquisar a fauna e a flora da floresta. E como se trata de um meio natural, há caminhos especiais para chegar até as bluebells, já que não é permitido pisar na vegetação. 

São oito pontos (caminhos), de P1 a P8, cada "P" é uma parada e você pode chegar em cada uma delas de carro, através de uma estrada, se preferir. Eu fiz o trajeto a pé e não me arrependo, assim, foi possível desbravar outros pontos que não estão indicados, basta entrar na mata.  

Ainda me confundo ao entender se o Bois de Hal(Hallerbos, em neerlandês) é um grande bosque ou uma pequena floresta, pois fica dentro de uma cidadezinha ao lado de Bruxelas e consegui chegar até lá utilizando um ônibus de linha que pequei na Gare du Midi (BXL), pelo valor de 2,10 (dois euros e dez centavos). Entretanto, as definições descritas no site do local a denominam como uma "floresta", com um pouco mais de 500 hectares, na cidade de Halle. 

Indico fazer a visita à tarde, onde a incidência de raios solares é maior e o sol é mais forte, como aqui anoitece após às 21h, é possível pegar longos períodos de sol.   

Enquanto estive naquele lugar encantado e singelo, extasiada, meus pensamentos viajaram por histórias lidas e vistas, contos e fábulas. Fiquei a procurar alguns personagens, olhava entre as árvores pensando que algum ser encantado pudesse estar nos espiando, escondido, esperando irmos todos embora para voltar a correr livre por ali. Por um instante cheguei a pensar que aquela era a floresta encantada dos Smurfs (aqueles seres azuizinhos que povoaram minha imaginação, quando pequena, e que foram criados na Bélgica). 

Quantas formas ali habitam? De que se alimentam? Como se reproduzem? Pra quem eles aparecem? 

Me emociona toda a forma de vida.



O vídeo foi registrado em 29 de abril de 2015 (dia da minha visita) e encontra-se em
 http://www.hallerbos.be/















*Imagens: Ana Laura Visentini

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